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Foto do escritorMaria Garcia

Margarida da Silva: Como uma mulher de uma comunidade na Amazônia ganhou prêmio internacional

Atualizado: 8 de mar. de 2023


A Margarida vive no coração da Amazônia, onde é líder comunitária e dedica-se no cuidado e integração das boas práticas do manejo sustentável em sua comunidade no Pará.





Dona de uma trajetória corajosa e marcante, Margarida Ribeiro da Silva, 55 anos, mãe solo de três filhos, é natural de uma das comunidades situadas às margens do rio Arimum, no município de Porto de Moz, Pará.


Foi nessa região que a Margarida aprendeu, com a sua amada mãe, a respeitar, cuidar e manejar a floresta para utilizar os recursos necessários para a alimentação, saúde, recreação e sobrevivência. “Sou apaixonada por tudo que a floresta tem e me proporciona. Mas para isso é preciso saber viver em equilíbrio com meio ambiente e ter um plano de manejo para o uso dos recursos naturais”, diz sob olhos reluzentes.


Foi nessa mesma região que a Margarida Florestal, como é conhecida, presenciou diversos conflitos agrários, durante muitos anos e se tornou uma das vozes mais atuantes em prol da conservação da floresta e do papel de comunidades tradicionais que lutam pela posse coletiva da terra - “Garantir o certificado para exercer atividade de manejo florestal dentro da Unidade de Conservação era uma questão de sobrevivência”.



Plano de Manejo: Pioneirismo


Nesse cenário, sua caminhada de liderança foi construída e respaldada por muita coerência e dedicação para com os recursos naturais. O primeiro plano de manejo da maior Reserva Extrativista (Resex) do Brasil, chamada de Verde para Sempre, localizada no Porto de Moz, no Pará, teve participação direta da Margarida, que sempre defendeu o papel de comunidades tradicionais na conservação das florestas. Margarida conseguiu provar que sua comunidade tinha capacidade para fazer o manejo florestal -“Precisamos usar a floresta com responsabilidade e de forma planejada”.



Margarida com o Prêmio Wangari Maathai em mãos | Foto: Divulgação

Desde então, o seu trabalho tem ganhado ainda mais evidência. Participou da criação de proposições referentes a construção de legislação que regularize a atividade florestal comunitária em áreas protegidas, como por exemplo a instrução normativa de nº16 de 2011, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é o órgão responsável pela gestão das Unidades de Conservação (UCs) federais. Seu trabalho foi reconhecido em 2017 com o Prêmio Wangari Maathai na Alemanha. Este é um prêmio dedicado a indivíduos que trabalham para conservar as florestas e melhorar a vida das pessoas que dependem delas. Margarida participou do Fórum Florestal da Amazônia representando a Rede Mulher Florestal, instituição da qual é associada desde 2019. Em 2022 participou do Congresso Florestal Mundial, que aconteceu em Seul, ao lado de outras pessoas que já foram agraciadas com a premiação.


Em meio a tantas conquistas, a líder comunitária admite que não é fácil ser mulher em meio aos trâmites de poder no mundo do manejo florestal - “Os homens ainda são a maioria da força de trabalho no manejo florestal. Temos que chamar atenção para colocar mulheres como liderança, na coordenação de campo. Não tem sido fácil, mas sempre atuo nessa linha.”


Como diz a Margarida: “Nós somos capazes e podemos estar onde quisermos. Não há obstáculos que nos faça parar e, unidas, somos mais fortes. Precisamos ter esperança e ousadia”.



 

Esse é o primeiro texto do especial Mulheres que Inspiram, campanha da Rede Mulher Florestal para contar histórias de mulheres na área do setor florestal. Para ler mais histórias como essa, acompanhe nossas redes sociais (@redemulherflorestal no Instagram, Facebook e Linkedin) ou a nossa aba de notícias aqui no site.


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