Relatório desenvolvido pelo GT Mulheres na Tomada de Decisão identifica pontos que vão contribuir com atividades de promoção da equidade de gênero em empresas do setor.
Preconceito pelo seu gênero, assédio moral, sobrecarga e síndrome de impostora foram algumas das principais barreiras que cruzaram o caminho de mulheres em cargos de liderança no setor florestal. Esses desafios até hoje presentes em empresas foram mapeados e elencados no relatório “Barreiras para Ascensão de Mulheres a Cargos de Liderança”, realizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Mulheres na Tomada de Decisão da Rede Mulher Florestal.
88,2% das entrevistadas para a pesquisa afirmaram ter enfrentado barreiras em suas trajetórias rumo a cargos com tomadas de decisão devido ao seu gênero. Dessas, 70,6% sofreram preconceito sobre a capacidade de uma mulher liderar, enquanto 52,9% duvidaram de si mesmas durante o processo, fenômeno conhecido como “síndrome de impostora”.
Para alçar posições de poder no setor florestal, 61,8% das mulheres admitiram ter aberto mão de questões pessoais e familiares para conseguirem o desejado cargo. Uma das depoentes, que respondeu a pesquisa sem se identificar, retornou às atividades profissionais dois meses após ter dado luz a sua filha - período menor que a licença maternidade prevista em lei de 120 dias, ou quatro meses, sem prejuízo de emprego e salário. “A culpa que carrego por isso, e por não ter me dedicado exclusivamente a ela, me atrapalharam demais. Essa foi a questão que mais pesou quando precisei tomar decisões profissionais”, lamentou a entrevistada.
A escada do “sucesso”
A maioria das mulheres entrevistadas acredita que a posição de alto nível foi conquistada devido aos méritos pessoais – que vão desde à busca pela qualificação (61,8% das entrevistadas) até a entrega eficiente de resultados (73,5%) e habilidades relacionais (67,3%), conhecidos como soft skills. Contudo, em menor representação foram aquelas que atribuíram o sucesso ao apoio nos afazeres domésticos (20,6%) ou à flexibilização de gestores para que elas pudessem conciliar a vida pessoal com a profissional (14,7%).
Também faltou a essas mulheres políticas de equidade e oportunidades na empresa onde atuaram, segundo as próprias. Apenas 11,8% afirmam que tais políticas as ajudaram na trajetória para chegar ao topo de suas carreiras.
A pesquisa coletou 34 respostas de mulheres em cargos de liderança no setor florestal, entre setembro e outubro de 2022. As considerações vão contribuir com as atividades da Rede Mulher Florestal de promoção de equidade de gênero em empresas do setor.
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