Por David Escaquete
As discussões sobre diversidade e equidade de gênero nunca estiveram tão presentes na sociedade como nos últimos tempos, contudo há “cadeiras” que continuam vazias ou pelo menos com baixa taxa de ocupação neste debate, a cadeira dos homens.
É fundamental que o homem discuta equidade de gênero ocupando o seu lugar de fala e reconhecendo que possui, diante da construção social histórica, um lugar de privilégios, poder e anistias, quando o assunto é gênero, como nos mostra as estatísticas disponíveis.
A violência doméstica, os mais variados tipos de assédio, a baixa ocupação de cargos de lideranças por mulheres dentre vários outros fatos que materializam o tratamento desigual entre homens e mulheres é fruto de uma construção social histórica onde preparamos e mantemos os homens, desde sua estreia na terra, em um confortável berço “forrado” por lençóis invisíveis de machismo, e o mantemos nutrido de estímulos como “Não vai chorar igual mulherzinha, né?”.
Neste ponto é importante ressaltar que, tais lençóis invisíveis de machismo que abarcam os homens, não os oferecem apenas vantagens ilimitadas, são também uma resistente “camisa de força” tecida “fio a fio” que resulta em tramas perfeitas das quais muitas vezes não é fácil “se livrar”.
A trama que sustenta o machismo é tecida por comportamentos e condutas que vão sendo estimulados e construídos lentamente e tomando um espaço enorme na vida de cada um de nós. A campanha da ONU “He for She” é um esforço de trazer os homens para o debate de gênero, reconhecendo que há um lugar de fala e também de ação para ser incluído na análise dos caminhos para avançar decisivamente rumo a uma sociedade mais equitativa.
É preciso reconhecer que o feminismo enquanto movimento de luta pela equidade de gênero já conseguiu muitos avanços históricos e que estamos em tempos de estimular a inclusão massiva de homens em ações concretas rumo à equidade, como forma de enfrentamento aos “vieses inconscientes” que ditam comportamentos e decisões na contramão do respeito a direitos humanos fundamentais e do desenvolvimento sustentável.
Hoje já não faltam estudos e constatações de reconhecidas Instituições de ensino nacionais e internacionais além de grandes corporações de que ter mulheres em cargos de liderança ou mesmo ter equilíbrio entre homens e mulheres em Conselhos, por exemplo, torna o negócio mais produtivo e resiliente em tempos de constantes mudanças geracionais, tecnológicas e de contextos econômicos.
Para os amantes da biodiversidade e do manejo das florestas como eu, não é difícil compreender que a “diversidade” é o caminho para a construção de um negócio, uma sociedade e um mundo mais próspero. Um mundo onde “ser mulherzinha” não tenha uma carga pejorativa, mas de enaltecer o sagrado feminino e tudo que ele nos adiciona nos negócios e nas nossas vidas.
David Escaquete, casado com a Daniele, pai da Joana, engenheiro florestal, expediente em Certificação Socioambiental, membro do Comitê de Desenvolvimento de Padrões do FSC Brasil, gestor do Instituto Terroá e Diretor da SR4 Soluções.
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