Única mulher da turma: como Tania Matsuno lidou com falta de referência feminina no início da carreira
- Maria Garcia
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Em uma turma de 54 estudantes do curso de engenharia florestal da UFPR, a engenheira florestal foi a única mulher e precisou aprender a superar dificuldades estruturais com serenidade e dedicação.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) convocou, em 2025, 29 candidatos com os melhores desempenhos no vestibular do curso de engenharia florestal para iniciarem os estudos em Curitiba, na capital paranaense. Na lista dos aprovados, 17 dos nomes eram de mulheres - duas delas, aliás, ocuparam a primeira e a segunda colocação na classificação geral. O cenário do primeiro quarto do século XXI parece distante daquela vivida pela mesma universidade há exatos 52 anos, em 1973. A engenheira florestal Tania Matsuno, naquela época estudante, iniciava o primeiro semestre do mesmo curso despontando como a única mulher em meio a 53 colegas homens.
Tania foi uma estrela solitária que, avaliando em retrospecto, não se sentia intimidada por essa circunstância. Mesmo enfrentando desafios ao se adaptar a um ambiente predominantemente masculino, Tania lidou com serenidade, dedicação e uma firme convicção de que o conhecimento técnico era a melhor forma de se impor.
“Nunca me senti inferiorizada. Pelo contrário, fui sempre tratada com respeito e aprendi a conquistar meu espaço pela competência e pela ética”, relembra a engenheira florestal que, durante a sua carreira, assumiu cargos de liderança como gerente de Mensuração Florestal do Grupo INDEX e diretora técnica da CONFAL.
O único aspecto que Tania mudaria em sua trajetória seria ter dado mais visibilidade aos seus trabalhos técnicos, algo pouco comum na época em que se formou. “Fomos preparados para executar, não para divulgar. Com o tempo, percebi a importância de compartilhar conhecimento e inspirar outras pessoas. Se pudesse voltar atrás, teria reservado mais espaço para mostrar o valor do nosso trabalho e da engenharia florestal para a sociedade”, afirmou.
Ela reconhece os avanços, nos últimos 52 anos, para as mulheres da área da engenharia florestal. Atualmente, engenheiras estão ocupando mais posições de liderança, pesquisa, operação e gestão. “Isso é algo impensável décadas atrás”, disse Tania. “Porém, ainda há desafios sutis, como o reconhecimento pleno da competência técnica feminina”, ressaltou.
Ela por ela
Pessoas que te inspiraram ou te apoiaram durante sua trajetória? Tive o privilégio de conviver com professores e colegas que acreditaram em mim desde o início. Minha maior inspiração sempre foi minha família, especialmente meus pais, que me ensinaram que o estudo e o trabalho são caminhos de liberdade. Porém, não posso deixar de destacar que o apoio do meu marido, o engenheiro florestal Antonio Albino Ramos. Ele foi fundamental durante toda a minha caminhada.
Qual mensagem ou conselho você daria para as mulheres que estão começando
agora na carreira? Estudem, se preparem e se imponham com serenidade. Acreditem que a competência técnica e a postura ética abrem todas as portas. Não é preciso ser agressiva nem submissa, mas sim firme e coerente. O reconhecimento pode demorar, mas chega quando se constrói uma trajetória sólida e verdadeira.
Qual conselho você daria para aquelas mulheres que enfrentam alguma dificuldade por serem mulheres? O preconceito existe e não deve ser aceito como normal. Enfrentar com dignidade é essencial, mas sem se vitimizar. Mostrem, através do trabalho, que merecem respeito. E, se necessário, procurem apoio de colegas, entidades de classe e outras mulheres. A união e o exemplo são formas poderosas de mudar o ambiente profissional.
Esse é um texto do especial Mulheres que Inspiram, campanha da Rede Mulher Florestal para contar histórias de mulheres na área do setor florestal. Para ler mais histórias como essa, acompanhe nossas redes sociais (@redemulherflorestal no Instagram, Facebook e Linkedin) ou a nossa aba de notícias aqui no site.








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