Na COP30, Rede Mulher Florestal premia startups do setor florestal lideradas por mulheres
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Premiação integra agenda do Prêmio Startups Top10-COP30, uma iniciativa organizada pela Embrapa. Por Elias Serejo | Jornalista SRTE/Pa 2258

Belém, novembro - Em meio ao movimento intenso da COP30 e às discussões globais sobre clima, biodiversidade e transição justa, um momento simbólico marcou a tarde desta sexta-feira (14) na AgriZone, espaço da Embrapa em Belém: a Rede Mulher Florestal (RMF) entregou o Prêmio Rede Mulher Florestal a três startups lideradas por mulheres que estão inovando no setor florestal – Urubatan, Coco_on e Naturecap.
A premiação integra a programação do Prêmio Startups Top10-COP30, iniciativa organizada pela Embrapa, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Grupo Malinovski e a GSS – Impact Development Company. Com o tema “Plantações Florestais: Tecnologias, Multiprodutos, Biodiversidade e Clima”, o Top10-COP30 se consolidou como uma vitrine do ecossistema de inovação florestal, conectando startups ao mercado global em plena conferência do clima da ONU.
A cerimônia foi realizada em formato híbrido e simultâneo em dois palcos: em Belém, na sede da Embrapa Amazônia Oriental, dentro do Espaço AgriZone, e em Colombo (PR), no auditório da Embrapa Florestas. As finalistas vêm de diferentes regiões do país, refletindo a diversidade territorial e o potencial de inovação do Brasil. Entre elas, a Rede Mulher Florestal foi convidada como parceira para destacar um recorte específico: as lideranças femininas que estão à frente de soluções florestais transformadoras.
Um prêmio dentro do prêmio: reconhecer quem abre caminho
Em um convite de parceria proposto pela Embrapa e demais organizadores do Prêmio, a proposta foi aproveitar a estrutura do Top10-COP30 para jogar luz sobre a atuação de empreendedoras em um setor ainda marcadamente masculino. “O Prêmio Startups Top10-COP30 já é uma grande vitrine para inovação florestal. A Rede Mulher Florestal entra como parceira justamente para que, dentro desse universo, a gente consiga reconhecer e fortalecer as startups lideradas por mulheres que chegaram entre as finalistas do prêmio geral”, explica Luana Goularte, Secretária Executiva da Rede.
A RMF, em diálogo com a organização do concurso, selecionou três empresas entre as finalistas do Top10-COP30 para receber o Prêmio Rede Mulher Florestal. “É um gesto simbólico, mas também concreto, de dizer que essas lideranças existem, entregam resultados e precisam estar no centro da conversa sobre bioeconomia, clima e futuro das florestas”, completa Luana.
Vitória-régia como símbolo de força e identidade
Na fala preparada para a cerimônia, a Rede Mulher Florestal reforçou a conexão entre inovação, floresta em pé e equidade de gênero. “Na RMF acreditamos que biodiversidade, florestas saudáveis e cadeias produtivas fortes andam de mãos dadas com equidade de gênero, liderança feminina e responsabilidade socioambiental”, destacou o texto lido durante a entrega.
O troféu entregue às empreendedoras foi inspirado na vitória-régia, um dos ícones da Amazônia. A escolha não foi aleatória: a flor simboliza, ao mesmo tempo, potência ecológica e identidade brasileira. A homenagem ressaltou dois sentidos principais: assim como a vitória-régia sustenta folhas grandes e firmes, capazes de suportar peso, as premiadas demonstram capacidade de superar obstáculos, inovar e transformar; a vitória-régia é um símbolo da riqueza da Amazônia e da biodiversidade nacional. Da mesma forma, as startups lideradas por essas mulheres representam a vanguarda do setor florestal, mostrando que liderança feminina e floresta fazem parte do mesmo futuro que o país deseja construir.
“Quando uma mulher atua com criatividade, coragem e compromisso, ela não apenas gera impacto em sua empresa, mas inspira outras mulheres, fortalece comunidades e contribui para um setor que quer ser mais justo, inclusivo e sustentável”, registrou ainda a fala da Rede.
As três startups premiadas pela Rede Mulher Florestal
Cada uma das empresas reconhecidas pela RMF traduz, à sua maneira, o potencial da bioeconomia e da inovação florestal com protagonismo feminino.
Urubatan: bioeconomia com raiz amazônica
Com sede na Amazônia, a Urubatan transforma castanha-do-Brasil em bioplástico, conectando saber local, tecnologia e soluções de baixo carbono. O reconhecimento destacou a capacidade da startup de enxergar na sociobiodiversidade amazônica não apenas um insumo, mas um ativo estratégico para uma nova economia, que gera renda ao mesmo tempo em que valoriza a floresta em pé.
Coco_on: design, território e mobiliário sustentável
A Coco_on foi premiada por seu trabalho com fibra de coco e mobiliário sustentável, articulando design, cultura ribeirinha e mercado global. A startup valoriza comunidades e cadeias locais, ressignificando um recurso muitas vezes tratado como resíduo para transformá-lo em produto de alto valor agregado.
Naturecap: tecnologia, clima e restauração florestal
Fechando o trio de premiadas, a Naturecap desenvolve cápsulas biodegradáveis para uso com drones em ações de restauração florestal. A solução acelera o plantio em áreas degradadas, reduz custos operacionais e combina alta tecnologia com compromisso climático.
Mulheres na linha de frente da inovação florestal
Para a Rede Mulher Florestal, o prêmio é, acima de tudo, um instrumento de visibilidade e conexão. Em um prêmio nacional que mobilizou startups de Acará (PA) a Santa Cruz Cabrália (BA), passando por estados da Amazônia, do Cerrado e do Sul do país, destacar lideranças femininas é também disputar quem será protagonista na transição para uma economia florestal de baixo carbono. “Que este troféu não seja apenas o reconhecimento de hoje, mas um símbolo de continuidade, colaborações e impacto crescente”, registrou a RMF ao encerrar a homenagem. “Que sejam ainda mais inspiradoras para as próximas gerações de mulheres na floresta.”
Além das vencedoras, as 50 iniciativas finalistas do Prêmio Startups Top10-COP30 terão seus cases de sucesso divulgados em uma publicação oficial da Embrapa, ampliando a visibilidade nacional e internacional dessas soluções e atraindo potenciais parceiros, investidores e clientes.
Num momento em que o mundo olha para Belém em busca de respostas concretas para a crise climática, a mensagem deixada pela Rede Mulher Florestal ecoa para além do auditório da AgriZone: não haverá inovação florestal robusta, nem bioeconomia de verdade, se as mulheres que movem esses territórios não estiverem reconhecidas, financiadas e no centro das decisões.








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