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“Seu marido deixa você viajar tanto?”: o que Thais Lopes já ouviu durante suas idas à campo


Engenheira florestal precisou enfrentar comentários invasivos e dificuldades no mercado de trabalho antes de se estabelecer como gerente de marketing regional.




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A engenharia florestal impõe desafios e exigências muito próprios da natureza do trabalho. Entre elas, estão as conhecidas saídas de campo — experiências que marcaram o início da trajetória de Thais Lopes, engenheira florestal e hoje Gerente de Marketing Regional na Corteva Agriscience. Cinco anos após concluir o mestrado desejando retornar ao mercado de trabalho, a natural de Sorocaba (SP) se tornou representante técnica de vendas de formicidas dentro de uma equipe 100% feminina - um achado para quem já havia sido barrada em programas de trainee que buscavam um ‘perfil mais masculino’. 


As saídas de campo, que a levaram a diferentes regiões do país, também revelaram marcas do machismo ainda presente nas operações do setor florestal. Thais passou por situações desconfortantes como caronas negadas ou comentários invasivos. “Tive que ouvir perguntas absurdas: ‘Você é estagiária?’; ‘Seu marido deixa você viajar tanto?’; ‘Como você vai ter uma família um dia com essa profissão?’. Fui negada uma ida ao campo pois o motorista disse que a esposa não deixava”, relatou a profissional. 



Mulheres na equipe

Comportamentos e situações desse tipo foram mitigados ao longo de sua carreira a partir de 2018, segundo Thais, quando mais mulheres passaram a integrar as equipes no setor. “Já fui contratada por uma gerente mulher que me deixou grandes aprendizados e já atuei com homens que sempre estimularam meu crescimento. Eu tive, e ainda tenho, referências na alta liderança feminina e fui mentorada por uma grande mulher também. A partir disso, tomei para mim a missão de ser para outras o que todas estas pessoas foram para mim e procuro sempre ter mulheres na equipe, mentorar outras e incentivar que sigam fortes”, apontou. 


Com 38 anos, Thais Lopes alia suas técnicas de venda com o conhecimento dos produtos florestais para desenhar táticas de comunicação e marketing para o mercado de defensivos agrícolas - ainda ciente de que, apesar de mudanças, o setor ainda tem barreiras que as mulheres precisam enfrentar. “O meu conselho é que sejam as melhores profissionais que puderem ser. Não para provar algo,  mas porque são o que são. Se unam, acolham e nunca duvidem da força do coletivo”, comentou a engenheira florestal.



Ela por ela 


Qual conselho você daria para você no início da carreira? Você se arrepende de algo? Nunca desista de algo que te move. Às vezes, teremos desafios. Porém, com empenho, dedicação e foco nós chegamos lá, procurar pessoas que possam ser mentores e ajudar com dicas e com suas histórias também ajuda muito. 

Não me arrependo de nada, mas percebi ao longo do tempo que mudei muito minha trajetória em relação ao que eu planejava. Então participar de eventos, ser uma pessoa curiosa e explorar todas as oportunidades pode ser a chave de uma carreira brilhante.


O que você faria diferente que você acha que teria feito a diferença nesses anos de trajetória? A maneira como encarei o preconceito no início de carreira: fingir estar tudo bem para mostrar ser digna de respeito e não perder espaço no campo das oportunidades profissionais quando eu deveria ter exposto meu ponto de vista e não tolerado nenhum tipo de assédio moral.


Como você vê a sua área no quesito de gênero? Atualmente, muito melhor. Porém, ainda com algumas barreiras em campo. Às vezes, sou ouvida quando sabem qual é meu cargo/função e, às vezes, mesmo sabendo as pessoas falam olhando para a figura masculina que está me acompanhando, estamos evoluindo e acredito que chegaremos num momento muito mais igualitário. Porém, ainda há pontos de melhoria neste aspecto e, até mesmo, entre mulheres e principalmente entre lideranças.



 

Esse é um texto do especial Mulheres que Inspiram, campanha da Rede Mulher Florestal para contar histórias de mulheres na área do setor florestal. Para ler mais histórias como essa, acompanhe nossas redes sociais (@redemulherflorestal no Instagram, Facebook e Linkedin) ou a nossa aba de notícias aqui no site.

 
 
 

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